Um conto de dois aeroportos: Público vs. privado
Com desculpas a Charles Dickens
Se você teve a oportunidade de viajar para o exterior, estou confiante que você fez comparações entre aeroportos: qual deles é mais eficiente? Onde você perdeu alguma bagagem? Qual é a sua concepção? E, é claro, qual deles tem a melhor comida? Mas aposto que nunca se perguntou se os aeroportos eram propriedade do governo ou de uma empresa privada.
Muitos aeroportos foram construídos historicamente com o apoio do governo e, em muitos casos, antes dos anos 50, com o uso militar em mente. Mas desde a década de 1950 tem havido uma tendência de afastamento da propriedade direta dos aeroportos pelo governo para um papel maior do setor privado.
Esta tendência tem dado origem a um debate que muitas vezes é simplista e quando as pessoas pensam sobre isso, a primeira palavra que lhes vem à mente é muitas vezes “privatização”. No entanto, há muitos modelos a explorar entre eles. Aqui estão alguns dos mais comuns usados para aeroportos:
Que modelos podem ser usados para desenvolver aeroportos?
Esta lista começa com os modelos mais orientados para o público e aumenta o grau de envolvimento do sector privado:
Departamento Governamental ou Ministério/Agência: O governo possui e opera o aeroporto, geralmente através de um ministério (por exemplo, transportes, infra-estrutura). Um benefício é que o governo mantém o controle de um ativo estratégico. Do lado negativo, os investimentos geralmente respondem a ciclos políticos, mais do que raciocínios técnicos ou financeiros. s vezes, o governo cria uma agência específica para supervisionar o planejamento e a operação, no entanto, o controle permanece firmemente dentro do governo. O Aeroporto Internacional de Dubai é um exemplo de um aeroporto operado através deste modelo.
Corporatização: O Aeroporto Changi em Singapura é um dos exemplos mais bem sucedidos de corporatização, onde uma entidade independente é criada e responsável pelo planejamento e operação de um aeroporto. Isto inclui a garantia de investimento contínuo e rentabilidade. Sua capacidade de contratar pessoas e assinar contratos com empreiteiros privados estabelece um bom equilíbrio entre a gestão do aeroporto em um modelo mais corporativo, mantendo a propriedade dentro do setor público.
Not-for-Profit: Um modelo sem fins lucrativos é por vezes utilizado para aeroportos regionais ou comunitários e oferece um serviço vital para certas comunidades. Neste modelo, todos os lucros são reinvestidos no aeroporto e os benefícios devem ser transferidos para os usuários.
Contrato de Serviços: Este modelo permite que os aeroportos públicos “comprem” capacidades privadas. Esses aeroportos podem usar esse modelo para ativos ou serviços específicos, como o aeroporto de Dubai, que tinha um contrato com a Siemens Postal para seu serviço de manuseio de bagagem no aeroporto.
Contratos de gerenciamento: Sob um contrato de gestão, a propriedade do aeroporto permanece com o setor público e os empreiteiros podem ser nomeados quer para desempenhar funções específicas, quer para operar todo o aeroporto. Em 2008, a operadora alemã Fraport recebeu um contrato de gestão de seis anos para o Aeroporto Internacional King Khaled em Riade e para o Aeroporto Internacional King Abdulaziz em Jeddah. Uma característica distinta deste contrato é que ele incluiu um extenso programa de treinamento para funcionários públicos.
Parceria Público-Privada (PPP)/Concessão: Este modelo transfere o maior risco para o setor privado, já que poderia ser responsável pelo planejamento, financiamento, execução e operação do aeroporto. Normalmente, este modelo envolve contratos de longo prazo de mais de 20 anos. Um exemplo é o Aeroporto Internacional Queen Alia, que responde por aproximadamente 97% do tráfego aéreo da Jordânia. O governo procurou o conselho do IFC para agir como consultor líder de transacções e, em 2007, um consórcio liderado pela Aéroports de Paris ganhou a licitação.
Majority Equity Sale/Divestiture: Uma venda ou alienação total de participações maioritárias transfere o controlo do governo para o sector privado. Um exemplo é o Programa de Privatização do Aeroporto da Austrália. Este modelo pode ser útil para mercados maduros, quando o governo tem um incentivo financeiro para “monetizar” o seu investimento.
Qual é o melhor modelo?
Agora o momento da verdade: quem você acha que fará um trabalho melhor na operação de um aeroporto, do setor público ou do setor privado? As classificações podem ser tiradas com um grão de sal, mas a imagem seguinte apresenta um “top-20” simplificado dos melhores aeroportos do mundo, juntamente com o seu modelo de propriedade.
A conclusão aqui é: nenhum modelo de regras. Isto é importante porque sublinha que o debate não deve ser sobre que sector é melhor, mas quais são os principais objectivos a considerar para envolver o sector privado – por exemplo, financeiro, macroeconómico ou de gestão. Alguns modelos se adaptam melhor a situações específicas: a corporatização poderia ser mais adequada a pólos estratégicos globais; aeroportos regionais e comunitários poderiam usar uma abordagem mais sem fins lucrativos; e se o objetivo é fazer crescer o mercado, um modelo de PPP/concessão poderia ser bem sucedido. Todo modelo possível deve ter uma definição estratégica sólida de objetivos e um sólido argumento comercial antes de qualquer decisão.
Desde que este é um blog hospedado pelo Banco Mundial, a importância deste ponto para os países em desenvolvimento é que eles fazem bem em olhar todas as opções possíveis de financiamento e manutenção de infra-estrutura, especialmente à medida que os orçamentos nacionais e a ajuda externa se tornam mais apertados.
Então, da próxima vez que você voar, por pura curiosidade, descubra quem possui e opera o aeroporto. E por favor, partilhe a sua experiência comigo num comentário abaixo.
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