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Gigantes adormecidos: Porque é que as baleias não se afogam quando dormem a sesta

Klaus Esterluss | Deutsche Welle

Deve ser uma visão ligeiramente surreal. Imagine ser um mergulhador e cruzar-se com um grupo de cachalotes, não nadando mas flutuando em pé e sem movimento em mar aberto. Se alguma vez vir uma cena destas, parabéns, já encontrou cetáceos a dormir. É uma ocorrência rara, mas ocasionalmente são publicadas fotos de tais descobertas.

Existem até pesquisadores trabalhando no assunto sobre diferentes espécies de mamíferos marinhos – tanto na natureza como em cativeiro. Os resultados de ambas as abordagens permitem uma impressão de como o sono funciona no mundo de uma baleia.
Em 2008, uma equipa de cientistas da Escócia e do Japão esbarrou literalmente contra um grupo de cachalotes à deriva verticalmente perto da superfície da água. Os mamíferos estavam tão imersos num estado chamado “mergulho à deriva” que nem sequer responderam à presença do barco que passava. Ao observar as baleias, os pesquisadores a bordo descobriram que elas passam apenas 7% do seu dia dormindo, por rajadas de cerca de 10 a 15 minutos de cada vez.

Mal-desperto mas dormindo

Tão modesto sono faz dos cachalotes a espécie menos necessitada de sono no planeta, destronando as girafas que passam cerca de 8% do seu dia em sono. Os humanos provavelmente não seriam capazes de viver dessa forma. Quando dormimos, fazemo-lo durante várias horas seguidas. A razão é que somos respiradores involuntários, o que significa que podemos contar com a nossa capacidade de respirar automaticamente.
As baleias, por outro lado, têm de pensar em cada respiração que respiram. Os cientistas acreditam que dormem com um olho aberto e metade do cérebro acordado, não só para controlar a respiração, mas também para garantir que possam evitar predadores, manter contacto social ou continuar a nadar. O fenômeno é chamado de sono unihemisférico de onda lenta e também foi registrado em baleias que vivem em cativeiro.

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Diferentes espécies, diferentes tipos de sono

A capacidade das diferentes espécies de cetáceos de suster a respiração varia entre alguns minutos e mais de uma hora. Os seus hábitos de sono também não são normalizados.
Baleia-de-bossas, por exemplo, foram encontradas a descansar imóvel na superfície da água durante cerca de 30 minutos. Mas não podem ficar assim por muito tempo, porque perdem demasiada temperatura corporal quando estão inactivas. Pelo contrário, os golfinhos dormem à noite durante algumas horas de cada vez. As leituras do electroencefalograma (EEG) dos golfinhos roazes mostraram que os mamíferos passam em média 33,4% do seu dia a dormir.
Pesquisar um enorme corcunda ou um cachalote da mesma forma é um cenário improvável. Significaria ter de desenvolver uma instalação de EEG suficientemente grande (e uma baleia cooperativa) para registar a actividade eléctrica do cérebro. Entretanto, a ciência terá de continuar a depender das descobertas para compreender melhor como dormem as baleias.